O embaixador Vítor Sereno falava após tomar posse no cargo, conferida pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, na residência oficial em São Bento (Lisboa), na mesma cerimónia em que tomou também posse Patrícia Barão como secretária-geral do Sistema de Segurança Interna (SSI).
"Assumo este cargo com plena consciência da sua importância estratégica e das elevadas responsabilidades que lhe estão associadas", assegurou Vítor Sereno, que invocou a sua experiência na diplomacia para "compreender e antecipar mudanças globais" ou "construir pontes entre culturas e interesses divergentes".
Vítor Sereno defendeu que o modelo atual do Sistema de Informações português "é robusto e adequado, subordinando-se ao poder político central e diretamente dependente do primeiro-ministro".
"Contudo, é essencial que este sistema continue a evoluir, adaptando-se às novas exigências globais e reforçando a sua capacidade de resposta", disse, apontando três áreas prioritários.
O novo chefe das "secretas" pediu, em primeiro lugar, uma valorização dos recursos humanos.
"Devemos investir no recrutamento de novos talentos, assegurando que o sistema renova a sua capacidade crítica e técnica para enfrentar desafios cada vez mais sofisticados", disse.
Depois, apelou a que se prossiga com a modernização tecnológica, que considerou "fundamental para lidar com a complexidade crescente das ameaças", e, finalmente, referiu-se às infraestruturas.
"Devemos continuar a dar atenção às necessidades físicas do sistema, pelo que prosseguiremos o projeto de realização do espaço anexo ao forte Dom Carlos I, criando condições que fortaleçam a sua operacionalidade e a sua eficiência", assegurou.
Vítor Sereno classificou o sistema de informações como "um pilar fundamental da segurança nacional" e a base "sobre a qual se garante a estabilidade das instituições e a segurança dos cidadãos".
"Contudo, é também fundamental que o sistema se aproxime da sociedade, fortalecendo o entendimento e a confiança mútua. Este diálogo com as organizações da sociedade civil é promissor e deve ser aprofundado dentro dos parâmetros que a natureza do nosso trabalho impõe", defendeu.
O embaixador prometeu trabalhar "em sintonia" com todas as entidades na área da segurança, bem como com as Forças Armadas e os Negócios estrangeiros, e agradeceu à sua antecessora no cargo, Graça Mira Gomes, também presente na tomada de posse.
"A sua liderança e dedicação foram importantes para o progresso e para a estabilidade do SIRP", considerou.
Graça Mira Gomes ocupava o cargo desde 2017 e Luís Montenegro chegou a pedir a sua demissão quando era líder da oposição, na sequência da atuação do SIS na recuperação do computador de Frederico Pinheiro, ex-adjunto do antigo ministro das Infraestruturas João Galamba.
Vítor Sereno foi chefe de gabinete do social-democrata Miguel Relvas, quando este foi ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, bem como do socialista António Braga, quando ocupou o cargo de secretário de Estado das Comunidades Portuguesas.
É diplomata de carreira desde 1997 e, desde 2013, chefe de missão, sendo embaixador de Portugal no Japão desde março de 2022.
Na tomada de posse, estiveram presentes os ministros dos Negócios Estrangeiros, da Defesa, da Administração Interna, da Justiça e da Presidência, bem como o procurador-geral da República e os responsáveis máximos da Polícia Judiciária, PSP e GNR, o chefe do Estado Maior General das Forças Armadas e os anteriores secretários-gerais do SSI e do SIRP.
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