"Biobanco" quer perceber como doente com Alzheimer era aos 16 anos

O Instituto Gulbenkian de Medicina Molecular (GIMM) pode ajudar, no futuro, a perceber como era em jovem uma pessoa que desenvolve Alzheimer aos 70 anos, recorrendo ao banco de material biológico aberto a quem queira doar.

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Lusa
23/11/2024 06:43 ‧ há 4 horas por Lusa

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Alzheimer

A investigadora Maria Manuel Mota, que dirige o GIMM, explicou que o que se pretende com este "biobanco" é que quem quiser possa doar as suas amostras, a partir dos 16 anos -- seja de sangue ou qualquer material recolhido, por exemplo, durante uma cirurgia -, para no futuro ajudar os cientistas a compreender algumas doenças.

 

"Uma pessoa a partir dos 16 anos já pode dar as suas amostras e, portanto, tornar-se amiga do biobanco, no sentido que sempre que tem uma intervenção médica e é preciso uma amostra, parte dessa amostra viria para o biobanco", explicou a responsável.

Maria Manuel Mota lembra que "mais cedo ou mais tarde" todos vamos desenvolver patologias sendo que o objetivo é abrir o biobanco a cientistas de todo o mundo para que se possa compreender o aparecimento e a evolução da doença.

"Temos que começar a trabalhar hoje para termos soluções para o futuro", diz a cientista, assegurando que o material é sempre propriedade da pessoa, que pode retirar autorização de uso sempre que entender.

Além do biobanco, o GIMM, que resultou da fusão do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes (iMM) e Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), pretende ter um centro de investigação clínica que ajude a aumentar o número de ensaios clínicos em Portugal,

"O que se pretende é pôr por Portugal no mapa nos ensaios clínicos. Nós estamos todos muito fragmentados e, portanto, a ideia é nós simplesmente conseguirmos centralizar esta informação para as grandes empresas que querem poder testar os seus fármacos em várias regiões do mundo", explicou Maria Manuel Mota

Sobre as mais-valias, a investigadora é clara: "Primeiro vêm medicamentos de última geração que podem ser testados em pessoas que muitas vezes já não têm outro tipo de solução (...) e criarmos a nossa capacidade de desenvolver ensaios clínicos que os nossos investigadores queiram fazer".

A aposta no GIMM é na diversidade e, por isso, há mais de 30 equipas de investigação a trabalhar em áreas como o cancro (mama e colorretal), doenças neurodegenerativas, vasculares e infecciosas, entre outras.

"Temos cientistas a trabalhar em todas estas áreas. Escolhemo-los porque são curiosos e esse é o coração da nossa instituição", afirmou.

A investigadora reconhece que a inteligência artificial já mudou a forma como se está a fazer ciência, dando como exemplo a sua área de eleição: o parasita da malária.

"Quando eu estava a fazer pós-dotoramento (...) passava 60% do meu tempo a contar parasitas ao microscópio (...). Hoje em dia, das pessoas que trabalham no meu laboratório (...) alguns deles provavelmente já quase não reconhecem o parasita da malária, porque já não veem o parasita da malária. Não estão ao microscópio".

Contudo, lembra, "perdem muito menos tempo a ver isso, mas vêm aspetos muito diferentes e podem ir muito mais longe".

Nesta área, o GIMM vai ter um gabinete de transformação digital, aplicando a inteligência artificial a todas as áreas, desde a ciência à administração: "O objetivo é cada vez gastarmos menos dinheiro com a nossa administração e cada vez mais na ciência".

Leia Também: Risco de Alzheimer? Neurologista alerta para (mau) hábito depois dos 65

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