O investigador e ativista falava à Lusa a propósito de uma carta-aberta enviada pelo Coletivo de Estudantes e Trabalhadores Guineenses Firkidja de Pubis ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em que explicam por que razão deve "cessar o apoio à ditadura instituída por Umaro Sissoco Embaló na Guiné-Bissau".
"O que nós exigimos é o corte imediato de todas as relações com o regime. Não com o Estado da Guiné-Bissau, nem com o povo da Guiné-Bissau, mas com o regime encabeçado por Umaro Sissoco Embaló, porque as relações com esse regime já ultrapassam os limites de cordialidade com um país considerado por Portugal de irmão, e roçam a conivência com as violações dos direitos humanos, de eliminação de todas as liberdades democráticas no nosso país", frisou Sumaila Djaló.
Na carta-aberta, a que a Lusa teve acesso, a Firkidja di Pubis reafirma ao Estado português, através de Marcelo Rebelo de Sousa, "que os trabalhadores, estudantes e o povo guineense estão atentos e repudiam a sua cumplicidade com o líder de um projeto político absolutista e antidemocrático".
A Firkidja di Pubis alerta que o mandato presidencial de Sissoco Embaló já terminou e que a sua continuidade representa um "assalto ao poder", pelo que se refere ao líder guineense como "ex-Presidente".
"Exortamos à Sua Excelência o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa de que a eventual participação do ex-Presidente da República guineense, Umaro Sissoco Embaló, nas cerimónias de comemoração do próximo 25 de Abril, será considerada por estudantes, trabalhadores e o povo guineense de respaldo ao golpe institucional em curso na Guiné-Bissau e uma reafirmação do seu apoio especial aos mais de 5 anos da ditadura liderada por Umaro Sissoco Embaló", lê-se na carta-aberta.
Nas declarações à Lusa, Sumaila Djaló diz acreditar ainda no bom senso de Marcelo Rebelo de Sousa.
"Nós ainda acreditamos no bom senso do Presidente da República, porque as denúncias são suficientes e os últimos tempos também têm demonstrado o reforçar dessas denúncias, através dos órgãos de comunicação social portugueses e através de movimentações de coletivos guineenses também em Portugal", afirmou.
Sumaila Djáló acredita ainda que todas as denúncias e movimentações devem ter chegado a Marcelo Rebelo de Sousa.
"E é por isso também que voltamos de novo a apelar ao seu bom senso, mas particularmente a chamar a atenção para a contradição entre os valores de 25 de Abril, que são os valores da liberdade e da democracia, em absoluto, contra o que tem acontecido na Guiné-Bissau, uma ditadura", frisou.
Leia Também: Presidente da Guiné-Bissau nomeia chefe do Estado-Maior Particular