"O verdadeiro prejuízo para a segurança ocorre quando um primeiro-ministro, num grave conflito de interesses devido a investigações criminais contra os seus associados, despede o chefe do Shin Bet, num procedimento apressado e imperfeito", declarou, em comunicado, o movimento.
Esta organização não-governamental (ONG) pró-democracia foi uma das que contestou o despedimento do diretor do Shin Bet, Ronen Bar, junto do Supremo Tribunal, que vai analisar a demissão numa audiência marcada para terça-feira.
O comunicado surge após o Governo israelita ter enviado ao Supremo Tribunal a sua resposta às petições para congelar o despedimento de Bar, anunciado pelo primeiro-ministro no passado dia 21 de março, invocando uma alegada "perda de confiança".
Na resposta, publicada na imprensa local, o advogado do Governo, Zion Amir, alegou que "o tribunal não é o fórum adequado para determinar quem dirige o Shin Bet", pois "falta-lhe autoridade, instrumentos e responsabilidade por estas decisões, que cabem ao público, através dos seus representantes eleitos".
Já o Movimento para um Governo de Qualidade em Israel defendeu, no comunicado, que "o Shin Bet funciona sob supervisão governamental e serve as políticas governamentais, mas não os interesses pessoais do seu líder".
"Continuaremos a exigir a intervenção do Supremo Tribunal de Justiça e a proteção dos interesses do Estado, do Estado de direito e do interesse público", acrescentou.
Bar e Netanyahu têm trocado acusações nas últimas semanas, antes da audiência de terça-feira no Supremo Tribunal sobre o despedimento do diretor do Shin Bet, a qual tem sido criticada pela oposição e por grupos pró-democracia.
Numa carta dirigida, na sexta-feira, à mais alta autoridade judicial, incluída nas alegações contra a demissão e noticiada na imprensa israelita, o chefe do Shin Bet alegou que Netanyahu chegou a pedir-lhe que interviesse para solicitar aos juízes que cancelassem o seu testemunho no seu julgamento por corrupção por razões de segurança.
Segundo Bar, foi a sua recusa em participar no processo que levou à "perda de confiança" do presidente.
Há três semanas, o executivo israelita aprovou por unanimidade a proposta de Netanyahu de demitir o líder do Shin Bet, Ronen Bar, mas, após recursos, o Supremo Tribunal suspendeu a decisão até à revisão, prevista para terça-feira.
Benjamin Netanyahu chegou a escolher o ex-comandante da Marinha Eli Sharvit como novo responsável do Shin Bet, mas acabou por retirar a nomeação após críticas dentro da coligação governamental.
Reagindo à substituição do chefe do Shin Bet, o líder da oposição israelita, Yair Lapid, classificou, na rede social X, o processo de seleção como "precipitado e irresponsável", relacionando-o com uma tentativa de "encerrar a investigação sobre o 'QatarGate'".
Outro líder da oposição, Benny Gantz, acusou Netanyahu de "continuar a campanha contra o sistema judicial e conduzir o Estado de Israel para uma perigosa crise constitucional".
Leia Também: Primeiro-ministro israelita desloca-se aos EUA na segunda-feira