"O recurso de Israel deve ser rejeitado liminarmente como inadmissível", sustentou Khan nas suas conclusões do documento enviado aos juízes.
O procurador alegou que Israel "não conseguiu mostrar qualquer erro na decisão", depois de o TPI ter emitido em novembro mandados de captura contra Netanyahu, bem como contra o antigo ministro da Defesa israelita Yoav Gallant, por crimes de guerra na Faixa de Gaza.
O tribunal internacional acusou igualmente Mohamed Deif, líder da ala militar do grupo islamita palestiniano Hamas, que Israel diz estar morto.
Em causa estão crimes imputados a Israel no território palestiniano e os ataques do Hamas em solo israelita em 07 de outubro de 2023, que desencadearam o conflito na Faixa de Gaza.
A resposta de Khan surgiu depois de Israel ter anunciado no final de novembro que iria recorrer dos mandados de detenção contra Netanyahu e Gallant, defendendo que foram emitidos "sem qualquer base factual ou legal".
O tribunal, que rejeitou os recursos anteriores de Israel e decidiu que tem jurisdição sobre o caso, disse que havia provas de que tanto Netanyahu como Gallant tentaram conscientemente deixar os palestinianos na Faixa de Gaza sem bens "indispensáveis ??para a sua sobrevivência", incluindo com o bloqueio da entrada de ajuda humanitária.
Os juízes indicaram, por isso, que os dois dirigentes podem ser considerados "criminalmente responsáveis" pelo uso da fome como método de guerra, bem como por assassínio, atos desumanos e perseguição, o que se enquadraria na categoria de crimes contra a humanidade, aceitando assim o caso apresentado por Khan.
Esta decisão significa que os estados-membros do TPI devem deter Netanyahu e Gallant se viajarem para os seus territórios, embora vários estados signatários do Estatuto de Roma já tenham dito que não o iriam fazer, o que provocou críticas internacionais.
O ataque de Hamas em outubro de 2023 provocou cerca de 1.200 mortos e outras 250 foram levadas como reféns, das quais apenas uma parte estarão vivos.
A ofensiva em grande escala de Israel na Faixa de Gaza provocou por seu lado acima de 46 mil mortos, na maioria civis, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, e deixou o enclave destruído e mergulhado numa grave crise humanitária.
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