Os familiares atacaram verbalmente o ministro da Defesa, Israel Katz, pelo seu papel nas negociações para um cessar-fogo que incluiria a libertação de todos os reféns e acusaram o governo de "escolher" primeiro um determinado número de reféns para serem libertados.
Estabeleceram um paralelo entre esta ação e a prática da Alemanha nazi, que selecionava aqueles que iriam viver ou morrer nos campos de concentração.
"Estão a recorrer à seleção", afirmou um dos familiares, enquanto outro rejeitou a criação de uma "lista de Schindler".
Os presentes levantaram as vozes e gritaram as razões pelas quais alguns dos sequestrados foram deixados de fora de um potencial acordo, segundo relatos do The Times of Israel, que adiantou que vários deles traziam a familiar Estrela de David amarela na lapela.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, vai reunir-se com os membros do Fórum das Famílias dos Reféns, a principal organização em torno da qual se agrupam as famílias dos raptados pelo Hamas a 07 de outubro de 2023, durante os atentados que fizeram 1.200 mortos em solo israelita.
O fórum visa chegar a um acordo que "garanta o regresso de cada um dos reféns com um método pré-estabelecido e um roteiro a seguir".
As ações dos familiares dos reféns israelitas retidos pelo Hamas ocorreram no mesmo dia em que fontes palestinianas próximas das negociações para as tréguas na Faixa de Gaza, conduzidas pelo Hamas, afirmaram à AFP que cerca de 1.000 prisioneiros palestinianos serão libertados durante a primeira fase do acordo de cessar-fogo, em troca de 33 reféns israelitas.
Já num comunicado oficial, divulgado pela agência noticiosa EuropaPress, o Hamas confirmou hoje que as negociações indiretas com Israel para um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza em troca da libertação dos reféns raptados e dos prisioneiros palestinianos nas prisões israelitas estão "na sua fase final".
Também hoje, fontes ligadas às negociações, citadas pela agência de notícias Associated Press (AP) indicaram que o Hamas aceitou um projeto de acordo para um cessar-fogo na Faixa de Gaza e a libertação de dezenas de reféns.
A AP obteve uma cópia do acordo proposto e uma autoridade egípcia e uma autoridade do Hamas confirmaram a autenticidade. O plano terá de ser submetido ao Gabinete israelita para aprovação final. Todos os três responsáveis falaram sob condição de anonimato.
Os EUA, o Egito e o Qatar passaram o último ano a tentar mediar o fim da guerra de 15 meses e a garantir a libertação de dezenas de reféns capturados no ataque do Hamas, que aconteceu a 07 de outubro de 2023. Cerca de 100 israelitas ainda estão presos em Gaza e os militares acreditam que pelo menos um terço destes está morto.
O acordo de três fases -- baseado numa estrutura definida pelo presidente dos EUA, Joe Biden, e endossada pelo Conselho de Segurança da ONU -- começaria com a libertação gradual de 33 reféns ao longo de um período de seis semanas, incluindo mulheres, crianças, idosos e civis feridos em troca de potencialmente centenas de mulheres e crianças palestinianas presas por Israel.
Entre os 33 estariam cinco soldados israelitas do sexo feminino, cada um dos quais seria libertado em troca de 50 prisioneiros palestinianos, incluindo 30 militantes condenados que cumprem penas de prisão perpétua. No final da primeira fase, todos os civis cativos - vivos ou mortos - terão sido libertados.
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