Manifestantes em Damasco questionam sobre destino de desaparecidos

Uma multidão silenciosa reuniu-se hoje em Damasco para questionar o destino dos seus familiares desaparecidos nas prisões do anterior regime sírio e para exigir justiça após a queda do ex-líder Bashar al-Assad.

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© OZAN KOSE/AFP via Getty Images

Lusa
27/12/2024 16:50 ‧ há 16 horas por Lusa

Mundo

Síria

O destino de dezenas de milhares de prisioneiros e desaparecidos tem marcado dolorosamente a Síria, um país dilacerado por mais de 13 anos de uma guerra devastadora que já matou mais de meio milhão de pessoas.

 

Na praça Hijaz, no centro de Damasco, dezenas de manifestantes de ar sério exibiam fotografias de familiares desaparecidos, relatou um correspondente da agência France-Presse (AFP).

"É altura de os tiranos serem responsabilizados", proclamava uma faixa negra, desfraldada na varanda da antiga estação de comboios de Damasco, um elegante edifício otomano.

Noutros cartazes lia-se: "Revelar o destino dos desaparecidos é um direito", ou "Não quero uma campa desconhecida para o meu filho, quero a verdade".

Impensáveis há apenas algumas semanas quando Bashar al-Assad era Presidente, as manifestações em Damasco são agora possíveis sob as novas autoridades dominadas pelos islamistas do Hayat Tahrir al-Cham (HTS), que derrubaram o antigo governo a 08 de dezembro, após ima operação relâmpago iniciada em Idlib.

"Eu era uma das pessoas que tinha medo e esta é a primeira vez que me manifesto", contou Amani el-Hallaq, 28 anos, que quer que os restos mortais do seu primo, raptado em 2012, sejam encontrados.

Dentista de formação, foi levado pelo regime quando saía da universidade: "Arrancaram-lhe as unhas e morreu instantaneamente", garantiu a jovem, com um véu branco sobre o cabelo.

"Queremos saber onde estão os desaparecidos, os seus corpos, para os podermos identificar", exigiu.

Três organizações não-governamentais pediram na segunda-feira às novas autoridades que tomassem medidas para preservar as provas das "atrocidades" cometidas pelo regime de Assad.

Na quinta-feira, as forças de segurança detiveram, no oeste do país, um general que dirigiu o sistema de justiça militar durante o antigo regime. Segundo os ativistas, o detido é acusado de ser responsável pela condenação à morte de milhares de pessoas na famosa prisão de Saydnaya, na sequência de julgamentos sumários.

Segurando um retrato do seu primo, que foi torturado até à morte nas prisões do regime em 2012, Youssef al-Sammaoui regressou da Alemanha. No seu país, exige justiça e quer que os responsáveis sejam julgados, mas "de uma forma justa e que alivie as famílias, para que possam viver neste país".

Leia Também: Esposa de Bashar al-Assad terá "50% de hipóteses" de sobreviver a cancro

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