Na sequência de sucessivas destituições, a liderança do país está agora interinamente nas mãos do vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Choi Sang-mok.
Ao assumir o poder, Choi ordenou rapidamente às forças armadas que reforçassem a sua prontidão para impedir eventuais agressões norte-coreanas e solicitou aos diplomatas que tranquilizassem os principais parceiros, como os Estados Unidos e o Japão.
A origem do tumulto sem precedentes iniciou-se com a decisão de Yoon em decretar a lei marcial a 03 de dezembro e apenas por algumas horas.
Yoon acabou deposto pelos deputados no passado dia 14 e foi substituído por Han Duck-soo, até então primeiro-ministro.
Burocrata de carreira, Han tentou tranquilizar os principais parceiros diplomáticos e estabilizar os mercados, mas viu-se envolvido em conflitos políticos com o Partido Democrático (PD), o principal partido liberal da oposição, que detém a maioria na assembleia parlamentar.
Han recusou a exigência do PD de nomear imediatamente três juízes para os lugares vagos no Tribunal Constitucional, com vista ao reforço da equidade e da confiança do público na decisão sobre a destituição de Yoon.
A urgência em completar os nove membros judiciais deve-se ao facto da decisão da destituição de Yoon requerer o apoio de, pelo menos, seis juízes, e um painel completo deverá aumentar as perspetivas de destituição de Yoon.
Han disse que não nomearia os juízes sem o consentimento bipartidário, mas os críticos suspeitam que estaria a apoiar os partidários de Yoon no Partido do Poder Popular (PPP), que querem vê-lo novamente no poder.
A saída de Han ocorre quando Seul queria fazer crer que tudo estava a voltar à normalidade no país, depois de o incidente da lei marcial ter provocado preocupações nos países vizinhos, interrompido a diplomacia de alto nível e abalado os mercados financeiros.
A inesperada decisão de Yoon deixou perplexos responsáveis dos EUA, do Japão e da Europa, uma vez que o líder era o seu principal parceiro diplomático face a desafios como a assertividade da China, as ameaças nucleares da Coreia do Norte e as vulnerabilidades das cadeias de abastecimento mundiais.
O partido no poder já argumentou que a destituição de Han é inválida porque foi aprovada por uma maioria simples na assembleia de 300 membros e não por uma maioria de dois terços, como alegado pelo PPP.
A Coreia do Sul não tem leis específicas sobre a destituição de um Presidente em exercício e o PPP apresentou uma petição ao Tribunal Constitucional, que tem agora um máximo de 180 dias para rever a votação, assim como a destituição de Yoon.
Por seu lado, Han considerou a sua destituição lamentável, mas afirmou que respeita a decisão da assembleia.
Hoje registou-se uma pré-decisão judicial sobre Yoon, que sendo destituído levará a eleições num prazo de 60 dias. Yoon e outros são objeto de investigações separadas por acusação de rebelião, abuso de poder e outros crimes relacionados com o decreto da lei marcial.
De acordo com as sondagens, o líder do Partido Democrático, Lee Jae-myung, é o claro favorito para ganhar uma eventual eleição presidencial, mas enfrenta também questões legais, pelo que poderá ver barrada uma candidatura.
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