Dos 45% que acreditam na paz na Ucrânia com Trump como presidente, 15% dizem que está muito mais próxima e os restantes 30% consideram que está apenas um pouco mais próxima, noticiou a agência ucraniana Ukrinform.
A sondagem foi realizada pelo Instituto Internacional de Sociologia de Kiev (KIIS) entre 2 e 17 de dezembro.
Foram inquiridas 985 pessoas por telefone com base numa amostra aleatória de números de telemóvel em todo o território da Ucrânia controlado pelo governo ucraniano, disse o KIIS.
O republicano Donald Trump derrotou a democrata e atual vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, nas presidenciais de 5 de novembro, e vai tomar posse no próximo dia 20 de janeiro.
Trump prometeu que acabaria em 24 horas com a guerra que a Rússia iniciou na Ucrânia em fevereiro de 2022.
A sondagem do instituto ucraniano mostra que 23% dos ucranianos acreditam que, com Trump, a paz será maioritariamente ou totalmente justa para a Ucrânia, e 31% acreditam que será maioritariamente ou completamente injusta.
Outros 29% acreditam que haverá tanto o cumprimento das exigências da Ucrânia como concessões por parte da Rússia, sendo difícil dizer o que será mais importante.
Os restantes 17% não responderam à questão, segundo o relatório do inquérito.
A Rússia exige que a Ucrânia abdique das regiões de Donetsk, Lugansk, Zaporijia e Kherson, que anexou nos meses seguintes à invasão, bem como da Crimeia, ocupada desde 2014.
Moscovo exige também que a Ucrânia abdique da adesão à NATO, a Organização do Tratado do Atlântico Norte.
A Ucrânia e a generalidade da comunidade internacional não reconhecem as anexações russas das regiões ucranianas.
Num comentário divulgado pelo KIIS, o diretor do instituto, Anton Hrushetskyi, considerou que a vitória de Trump não causou "euforia ou depressão entre os ucranianos".
Hrushetskyi ressalvou que os ucranianos estão gratos pela assistência prestada pela atual administração norte-americana.
Referiu também que "cerca de 80% dos ucranianos acreditam na possibilidade de sucesso na guerra com o apoio adequado dos aliados ocidentais", mas reconheceu existir um sentimento negativo em relação ao atraso e ao insuficiente envio de armas.
"Neste contexto, algumas declarações de altos funcionários dos Estados Unidos, segundo as quais a Ucrânia não precisa assim tanto de armas, são, na melhor das hipóteses, surpreendentes, embora na realidade sejam irritantes", afirmou.
O inquérito do KIIS foi realizado a ucranianos adultos, com idade igual ou superior a 18 anos, que, na altura do contacto, viviam no território da Ucrânia controlado por Kyiv.
Segundo o KIIS, a amostra não incluiu residentes de territórios sob controlo russo e alguns dos inquiridos são deslocados internos que se mudaram de zonas ocupadas.
O instituto referiu que o erro estatístico não excedeu 4,1% para indicadores próximos de 50%, 3,5% para indicadores próximos de 25%, 2,5% para indicadores próximos de 10% e 1,8% para indicadores próximos de 5%.
"Em tempo de guerra (...) acresce um certo desvio sistemático", mas, "de um modo geral, o KIIS considera que os resultados obtidos mantêm ainda um elevado nível de representatividade e permitem uma análise bastante fiável do sentimento do público", segundo a Ukrinform.
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