Chade vai a votos domingo para legitimar poder de Mahamat Idriss Déby Itno

O Chade elege domingo um novo parlamento numa votação boicotada pelos principais partidos da oposição que consideram tratar-se de uma artimanha para legitimar o poder do agora marechal Mahamat Idriss Déby Itno, que ocupa a Presidência desde 2021.

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© WANG ZHAO/POOL/AFP via Getty Images

Lusa
27/12/2024 08:59 ‧ há 17 horas por Lusa

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Promovido a marechal a 20 dias das eleições, Mahamat Idriss Déby Itno ocupou o poder após a morte do seu pai, o então Presidente Idriss Déby, em combate contra os rebeldes da Frente pela Alternância e Concórdia no Chade (FACT), em 20 de abril de 2021.

 

Com a morte de Idriss Déby, os militares disseram que o governo eleito e a Assembleia Nacional tinham sido dissolvidos e que o Conselho Militar de Transição, liderado por Mahamat iria liderar o país nos 18 meses seguintes.

A oposição interpretou a movimentação dos militares como um golpe de Estado no país, que realizou as últimas eleições legislativas em 2011.

Entre a falta de fundos para organizar as eleições, a pandemia de covid-19 e a atividade do movimento extremista islâmico Boko Haram, foram várias as razões invocadas por quem detinha o poder em N'Djamena para adiar em várias ocasiões a consulta ao eleitorado.

Para disputar o voto dos 1.157 candidatos dos 133 partidos e coligações concorrentes, os eleitores registados - 8,9 milhões dos 18 milhões de chadianos-, vão também votar para escolher os órgãos regionais e locais, após uma seleção feita pela Agência Nacional de Gestão Eleitoral (ANGE).

Com o anúncio em outubro de 2024 do maior partido da oposição do país, Les Transformateurs, e de 15 outros partidos da oposição, que iriam boicotar as eleições, invocando preocupações com um registo eleitoral "corrupto" e a falta de garantias de que as eleições seriam livres e justas, e o crescente conflito entre os militares e imprensa, que boicotou o início da campanha eleitoral, as eleições de 29 de dezembro estão marcadas pela polémica.

O vencedor antecipado deverá ser o Movimento Patriótico de Salvação (MPS), criado por Mahamat Idriss Déby Itno, mas essa vitória corre o risco de se dissolver nas denúncias feitas por uma coligação de 75 partidos da oposição e grupos da sociedade civil que descrevem as eleições como uma "mascarada", por considerarem que o poder tenciona utilizar a votação para consolidar o seu controlo do poder.

Estas legislativas representam a última etapa de legitimação de Mahamat Idriss Déby Itno, de 40 anos, que em 06 de maio deste ano venceu as eleições presidenciais organizadas pelo Conselho Militar de Transição, apesar da contestação de que foi alvo por alegadamente querer continuar o estilo de governação do pai, que governo o Chade com mão de ferro durante 30 anos.

Com as eleições de domingo, o Chade alimenta as interrogações sobre o que lhe reserva o futuro próximo.

Para os partidos da oposição as eleições vão "legalizar a fraude e a suspensão das liberdades públicas e políticas" neste país do Sahel.

Para a comunidade internacional, e sobretudo para a França, a antiga potência colonial, são mais um marco de uma trajetória que coloca o pais entre a ameaça fundamentalista islâmica e a crescente influência de juntas militares golpistas de países vizinhos, apoiadas pela Rússia.

A rota de colisão com a França ficou desenhada quando, no início de dezembro, N'Djamena denunciou os acordos de cooperação militar com Paris, resultando na partida, já iniciada, dos militares gauleses e no desmantelamento das estruturas militares francesas que garantiam o combate ao terrorismo e ao crime organizado no Sahel.

Leia Também: Pelo menos 23 mortos no Chade por confrontos entre exército e garimpeiros

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