De Braga para o mundo árabe: "Temos de encaixar as rezas dos atletas"

Artur Jorge encontra-se no Al-Rayyan há mais de dois meses e, em conversa com o Desporto ao Minuto, não hesitou em apontar as principais diferenças identificadas no Qatar, por comparação ao futebol português ou brasileiro, abordando, ainda, as questões culturais.

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Miguel Simões
20/03/2025 07:01 ‧ há 11 horas por Miguel Simões

Desporto

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No arranque de 2025, a mediática saída de Artur Jorge do Botafogo antecedeu a (surpreendente) mudança para o Al-Rayyan, onde o treinador português já leva mais de dois meses de histórias para contar, desde a mentalidade ao lado cultural.

 

Em conversa com o Desporto ao Minuto, o experiente treinador português realçou o lado mais desafiante em rumar ao Qatar, sem hesitar em apontar as grandes diferenciações que identificou, sobretudo, por comparação ao futebol português e brasileiro, onde brilhou com conquistas pessoais e coletivas.

"Diferença? É muito grande. Tenho perfeita consciência de que o aspeto competitivo é incomparavelmente menor, aqui [no Qatar]. No entanto, há a possibilidade de olharmos para isto pela vertente de ser um projeto em que podemos tentar acrescentar valor, num campeonato que precisa de gente qualificada e competente", começou por dizer.

"É necessário haver evolução para tornar o campeonato mais forte, assim como potenciar aquilo que são os jogadores locais para fazer com que a seleção nacional do Qatar passe a ser mais forte e competente no seu todo, em termos de desempenho de seleção. Um dos grandes projetos a nível nacional é a potencialização dos jogadores locais", vincou de seguida, antes de valorizar o lado financeiro da proposta do Qatar.

Notícias ao Minuto Artur Jorge leva cinco vitórias em 11 jogos disputados pelo Al-Rayyan.© X Al Rayyan  

"O desafio tem o seu impacto. Há uma componente financeira muito importante também. É um aspeto que nunca pode ser posto de lado e nos faz viajar para cá. Acima de tudo, está a questão do projeto. Há esse desafio e esse paralelismo com o que referi", reiterou o técnico de 53 anos.

A verdade é que a equipa técnica de Artur Jorge chegou ao Al-Rayyan com o 'comboio em andamento', de tal forma que, quando questionado sobre a diferença de poder pegar na equipa desde início, o treinador ex-Sporting de Braga e Botafogo não escondeu a sua confiança para a próxima época.

"Eu não tenho dúvidas nenhumas de que a nossa próxima época vai ser bem diferente para melhor, por comparação com como estamos agora. Nesta altura, temos como objetivo a possibilidade de chegar ao quarto lugar do campeonato, que nos pode permitir jogar a Taça do Qatar e, eventualmente, ter uma oportunidade de chegar à Champions [asiática], na próxima temporada. Temos também a Taça do Emir, no final da época, que é uma competição que tem um valor enormíssimo, aqui. Nós estamos no caminho certo para poder ser uma equipa competitiva, nessa altura", referiu, já depois da mais recente eliminação na Liga dos Campeões asiática, diante do Al-Ahli Jeddah.

"Temos vindo a crescer e temos vindo a fazer uma grande evolução em termos de desempenho e de performance. Acima de tudo, sabemos que a potenciação dos jogadores está cá. Recentemente, tivemos seis convocados locais para a seleção nacional do Qatar. Há muitos anos que isto não acontecia, no Al-Rayyan. Isto, para nós, é muito gratificante, tendo em conta o trabalho que temos vindo a fazer. Sabemos que isso também é uma das metas que queremos cumprir, fazer com que os nossos atletas cheguem à seleção nacional", atirou, ainda, Artur Jorge.

Notícias ao Minuto Treinador de 53 anos valorizou a potenciação dos jogadores internacionais pelo Qatar.© Getty Images  

"Podemos já ter um olho naquilo que é a preparação a planificação para podermos ter, na próxima temporada, uma equipa que possa, de facto, lutar, desde o primeiro dia, de igual forma com os outros pelos títulos. Quando chegámos, tínhamos 10 ou 12 pontos de atraso e, portanto, eram irrecuperáveis tendo em conta os jogos que faltavam para o fecho do campeonato", completou sobre o assunto.

Do calor à religião... e à mentalidade

Artur Jorge não escondeu as "adaptações grandes" que foram necessárias, aquando da mudança para o Qatar, acabando por concordar com a linha de pensamento de personalidades como Cristiano Ronaldo ou Jorge Jesus, que têm 'pintado' o futebol nos países árabes melhor do que aquilo que se pensa na Europa.

"Claro está que há países que estão mais desenvolvidos do que outros. Há países que estão claramente à frente uns dos outros. Nós, Qatar, estamos à procura do nosso espaço. Estamos à procura de conseguir projetar mais o nosso campeonato, de tornar as nossas equipas mais fortes para podermos ter também capacidade de lutar com outros, com investimentos milionários, em competições internacionais, como a Champions asiática", começou por dizer, relembrando o seu último jogo no Al-Rayyan, precisamente, na Arábia Saudita.

"É importante termos o Qatar presente nessa dimensão, para além da questão da seleção nacional, que é importante para as qualificações para os Campeonatos do Mundo. Há, provavelmente, algum desconhecimento de muita coisa boa que, aqui, se tem ao nível do futebol. A forma está mesmo aí, em como colocámos seis jogadores na seleção local e outros quatro ao serviço dos seus países. Ter muita gente envolvida nas seleções é, para nós, Al-Rayyan, muito importante", vincou, de seguida, Artur Jorge.

Notícias ao Minuto Artur Jorge ao lado de Franclim Carvalho, braço-direito que foi recentemente entrevistado pelo Desporto ao Minuto.© Getty Images  

"Por esta altura, as adaptações são grandes, em relação à parte logística, perante a nossa rotina. Temos de encaixar os momentos de reza dos atletas, temos de encaixar os períodos em que podemos fugir ao calor, que ainda não é tão forte quanto isso, mas atendemos aos hábitos culturais da própria comunidade. Com o mês de Ramadão, é uma alteração por completo. Estamos a viver de noite e a fazer o inverso durante o dia, praticamente", contou, ainda, antes de reforçar a questão da mentalidade.

"Há uma necessidade forte de, repetidamente, insistir na mudança de mentalidade. Uma mentalidade mais ganhadora, de trabalho, de ambição e da própria metodologia de treino, para fazer com que haja uma maior intensidade, dentro da forma como queremos trabalhar e como queremos que as equipas se comportem. É sempre um trabalho que nos absorve muito em termos de dedicação, mas também é gratificante quando vemos resultados e quando vemos também os jogadores a querer exatamente essa exigência e essa forma de trabalhar. Eles sentem que evoluem e sentem que ficam melhores e mais bem preparados", rematou.

Depois da Europa e da América do Sul, Artur Jorge aventura-se, agora, na Ásia, onde defende a génese do projeto do Al-Rayyan, direcionado também para o país, o Qatar, 'prometendo' manter o seu nome sob os holofotes.

Leia Também: Benfica, FC Porto ou Sporting no horizonte: "Quero ser campeão português"

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