O Benfica retoma o calendário no próximo sábado, diante do Estrela da Amadora, para a Taça de Portugal, e, até agora, mantêm-se várias dúvidas acerca da condição de física de alguns atletas, todos eles do setor defensivo.
Alexander Bah e Kaboré foram dispensados das respetivas seleções por problemas físicos, durante a última pausa para compromissos internacionais, enquanto que Tomás Araújo viu a estreia pela equipa das quinas ser mais curta do que o esperado, depois de queixas na coxa direita, resultantes de um embate contra José Sá.
Enquanto isso, Anatoliy Trubin e Nicolás Otamendi jogaram os 90 minutos das duas partidas que realizaram pelas respetivas seleções, o que significa que regresso de ambos a Portugal será feito com algum cansaço à mistura e já em cima do jogo com o Estrela.
José Manuel Capristano, antigo vice-presidente do Benfica, falou com o Desporto ao Minuto e começou por abordar a onda de lesões que afeta o clube, considerando a mesma "um azar".
É uma falta de sorte extraordinária que o Benfica tem, ao contrário das outras equipas"Naturalmente que isto preocupa toda a gente, todos os benfiquistas. O Benfica tem de ir à bruxa, porque, realmente, são azares em cima de azares. É uma falta de sorte extraordinária que o Benfica tem, ao contrário das outras equipas. Quando eles têm um ou dois jogadores lesionados, nós temos três ou quatro, e ainda por cima no mesmo setor. O Benfica tem de encontrar recursos, e certamente tê-los-á, mas tenho esperança que o Tomás Araújo e o Bah vão conseguir jogar contra o Estrela da Amadora", fez notar primeiramente o antigo dirigente, que também equacionou a possibilidade destes dois defesas, apesar de recuperados, poderem ser "poupados" para estarem a 100% para o encontro com o Arouca, a contar para o campeonato.
Capristano deposita "total confiança em Bruno Lage" e nos "órgãos sociais do clube", e acrescenta que o calendário das seleções veio quebrar uma fase positiva das águias: "O Benfica vinha de uma fase excepcional e é sempre assim, quando estamos na mó de cima, interrompem-se os campeonatos para as provas de seleções".
Olhando para as opções que restam a Lage, caso tenha mesmo de abdicar dos habituais titulares, Capristano acredita nos "miúdos muito bons" que atuam na equipa B e que, apesar de estes "não terem experiência", também é certo que "não a irão ganhar sem entrarem em campo".
Na baliza, e dado que Trubin também poderá ter tempo de descanso, surge a hipótese de apostar, uma vez mais, no suplente Samuel Soares, guarda-redes que José Manuel Capristano diz já ter dado sinais de que pode defender as redes encarnadas. "Já provou que tem estofo. O treinador é que irá avaliar como o Trubin veio da Ucrânia e se entender que ele deve descansar, então deve pô-lo no banco e pôr a jogar o guarda-redes que lá está, que também tem de ganhar ritmo. Não vejo nenhum inconveniente em arriscar, até porque é um risco calculado", disse.
Já sobre Issa Kaboré, que tem sido associado a um regresso ao Machester City já em janeiro devido à antecipação do fim do empréstimo, Capristano diz que, a concretizar-se, deverá ser colmatado com uma nova contratação: "Quem está dentro do convento é que sabe o que lá vai dentro e, apesar de termos jogadores promissores na equipa B, estes não têm traquejo para enfrentarem um campeonato longo como é o nosso e com grandes dificuldades O Benfica devia ir ao mercado".
Quando se falam em lesões no Benfica também é inevitável falar em Renato Sanches. O médio voltou a apresentar problemas físicos neste seu regresso à Luz, por empréstimo do PSG, mas Capristano diz não compreender as críticas à direção encarnada nesta aposta: "Acho graça a algumas pessoas do Benfica que reclamam do Renato Sanches. Ele é um produto do Benfica, está no Benfica sem custar um tostão ao clube. Deu-se mais uma hipótese ao jogador e, por acaso, mais uma vez ele teve problemas físicos. Acho que a direção fez muito bem em trazê-lo de volta, porque é um menino da casa e é um grande jogador, ainda agora fez três ou quatro jogos de bom nível. Mesmo que volte a ir para a enfermaria, não faz mal, o Benfica não adivinha e tem esperança que ele recupere".
E em relação à parceria entre o PSG e o Benfica, que nos últimos anos não tem corrido de feição às águias, o antigo vice-presidente refere que "dizer que o PSG só manda para o Benfica quem não presta é apenas uma coincidência". "Não me parece que os dois clubes estejam em acordo em despachar um jogador e recolhê-lo do outro, não cabe na cabeça de ninguém", acrescentou.
Em jeito de balanço em relação ao que tem sido a época 2024/25 para o Benfica, Capristano adianta que os cinco pontos perdidos ainda com Roger Schmidt ao leme são os que "vão fazendo a diferença" e destaca que o "campeonato português é muito desequilibrado. "Um clube grande querer jogar para o título e perder, com todo o respeito, cinco pontos com clubes mais pequenos, significa que agora terá, naturalmente, muita dificuldade em ir atrás do prejuízo", fez notar. "O Benfica está a tentar e nós, adeptos, estamos esperançados que ainda é possível recuperar. Para isso é preciso ter exibições como a que fizemos contra o FC Porto. Foi uma herança que o nosso atual treinador teve", completou.
Por fim, e sobre as acusações de falta de planeamento que foram feitas à direção do Benfica nos últimos meses, Capristano aproveitou para elogiar Rui Costa, rejeitando todas essas críticas. "O Benfica tem jogadores de grande quilate, um treinador que já esteve na casa... Acham que alguém conhece mais de futebol do que o atual presidente? Que foi um jogador extraordinário, um especialista da modalidade? Pode não perceber tanto de contabilidade, mas é por isso que tem pessoas para o ajudarem. Tem gente capaz para o ajudar na parte financeira, mas na parte desportiva há alguém que saiba mais do que o Rui Costa?", terminou dizendo.
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